quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Quando casal transa, mas não se beija mais, a relação acabou?

Às vezes, o beijo desperta paixões, como aconteceu com Scarlett e Rhett no filme E o Vento Levou, quando a heroína descobre no poder mágico de um beijo a dimensão até então desconhecida da felicidade física, que muda toda a história. Pode também deixar marcas indeléveis na memória, como dizia Brigitte Bardot a Jean-Louis Trintignant em E Deus criou a mulher: “Se me beijares, nunca mais me esquecerás.”

Entretanto, em alguns casos o beijo promove o efeito contrário: o desencanto amoroso. E ninguém sabe bem explicar por quê. Talvez seja mesmo uma questão de química pessoal e a resposta, meramente biológica. Segundo os cientistas, existem substâncias produzidas por glândulas sebáceas dentro da boca e nas bordas dos lábios que, passadas de uma pessoa para outra, provocariam intenso desejo sexual ou sensação de desagrado.

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Por tocar tão fundo na alma, apesar de desejado, o beijo também encerra a ideia de perigo. É sabido que as prostitutas se protegem do envolvimento amoroso com seus clientes se recusando a beijá-los.  Há mais de dois mil anos, na Grécia, já se temiam as consequências do beijo. Xenofonte, em Memoráveis, faz seu mestre Sócrates dizer que o beijo de um belo rapaz é mais perigoso do que a picada de uma tarântula, porque o contato dos lábios com um jovem reduz instantaneamente à escravidão o mais velho que se arriscou a ele.

E quando um casal não mais se beija?  Significa que a relação está chegando ao fim? Tudo indica que beijar é a primeira ação íntima que cessa quando um relacionamento entra em decadência. O sexo ainda sobrevive mais um pouco. Aquela rotineira e fraternal troca de beijos no rosto pode bem exprimir que o desejo sexual ardente de um pelo outro já é coisa do passado. Assim, é possível que o beijo funcione como termômetro, medindo o grau de intensidade do desejo em uma relação.


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segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

“Meu marido repete comportamento tradicional dos pais e não muda. Cansei”

“Estou casada há seis anos e já pensei várias vezes em me separar. Meu marido não é má pessoa; apenas repete o comportamento tradicional dos seus pais. Eu sair com meus amigos sozinha, não querer ir todos os domingos almoçar na casa dos sogros, viajar com uma amiga, são alguns exemplos do que ele não aceita bem. Fico exausta por ter que ouvir seus argumentos conservadores. Acho que cansei de tudo isso; só falta um pouco mais de coragem pra cair fora.”

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Na primeira metade do século 20, uma mulher se considerava feliz se seu marido não deixasse faltar nada em casa e fizesse todos se sentirem protegidos. Para o homem, a boa esposa seria aquela que cuidasse bem da casa e dos filhos e, mais que tudo, mantivesse sua sexualidade contida. As mudanças começaram a ocorrer mais claramente após a década de 1940. O amor entrou no casamento, e este passou a ser sinônimo de felicidade e, por conseguinte, uma meta a ser alcançada por todos.

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A modificação radical dos costumes se inicia na década de 1960, com o advento da pílula anticoncepcional. A mulher reivindica o direito de fazer do seu corpo o que bem quiser, e assim a sexualidade se dissocia pela primeira vez da procriação. O modelo de casamento romântico, para a vida toda, em que deve ser alcançada a complementação total entre os parceiros, passa a ser questionado.

E agora, a quantas anda o casamento? Tudo indica que se torna cada vez mais difícil permanecer casado. A autorrealização das potencialidades individuais passa a ter outra importância, colocando a vida conjugal em novos termos. Acredita-se cada vez menos que a união de duas pessoas deva exigir sacrifícios. Observa-se uma tendência a não se desejar mais pagar qualquer preço apenas para ter alguém ao lado. É necessário que o outro enriqueça a relação, acrescente algo novo, possibilite o crescimento individual.

Não é nada fácil harmonizar a aspiração de individualidade com o casamento, mas homens e mulheres estão cada vez menos dispostos a sacrificar seus projetos pessoais. Portanto, é provável que, do ponto de vista afetivo-sexual, o grande conflito que se vive neste momento se situe entre o desejo de fusão com o outro e o desejo de liberdade.


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sábado, 25 de janeiro de 2020

Qual é o valor de uma mulher no casamento?

O governo do Japão está incentivando homens a tirarem licença-paternidade diante da crise demográfica enfrentada pelo país, mas há um novo desafio. Segundo uma pesquisa, quase um terço das mães relatou que seus parceiros ajudam pouco em casa durante a licença. As mães que participaram da pesquisa disseram que, muitas vezes, elas mesmas acabavam fazendo as tarefas domésticas ou que seus maridos usavam parte do tempo para se divertir. A desigualdade de gênero nas tarefas domésticas no Japão tem chamado a atenção do mundo todo.

Embora a mentalidade do Ocidente, no que diz respeito ao papel do homem e da mulher, esteja em profunda transformação não é difícil ainda encontrarmos por aqui comportamentos semelhantes ao dos japoneses. Afinal, a mudança na forma de pensar e viver é lenta e gradual.

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Em 1947, a psicanalista Marynia Farnham e o sociólogo Ferdinand Lundberg publicam o best seller Mulher moderna: o sexo perdido, onde dizem: “As insatisfações da mulher se devem exclusivamente ao seu fracasso no amor, resultado de sua incapacidade de ser uma verdadeira mulher. A mulher saudável é aquele que seguiu seu destino biológico e procriador, que aprendeu a fazer crochê, evitou o ensino superior a todo o custo, pois isso a tornaria frígida, e adotou uma forma feminina de vida.”

Na Inglaterra, a supremacia masculina é tão clara que um guia dos anos 50, “Como ser uma esposa perfeita”, aconselha: “Sejam alegres.. preocupando-se com o conforto dele trará grandes satisfações pessoais… Mostre sinceridade no desejo de agradar … Fale com voz lenta, quente e agradável… Lembre-se que ele é o patrão e que por isso vais exercer sempre seu poder com justiça  e habilidade…Não faça perguntas …uma boa esposa sabe reconhecer seu lugar.”

As mulheres eram consideradas incompetentes e desinteressantes, e lhes eram negadas quase todas as experiências do mundo. A expectativa em relação à mulher casada era a de que se contentasse com a vida em família.

A responsabilidade pela estabilidade no casamento é da esposa, que deve sacrificar-se para mantê-lo. E a melhor forma de conseguir isso é atrair o marido com afeição e serviços, engolindo as reclamações e cobranças.

No Brasil, em que a violência contra a mulher atinge níveis absurdos, seria interessante adotar o mesmo que as escolas do estado australiano de Victoria, em que há aulas sobre estereótipos de gênero.

Com o nome de “Relações Respeitosas”, a disciplina abrange o ensino fundamental e o ensino médio e tem como objetivo discutir questões como desigualdade social, violência de gênero e privilégio masculino. Afinal, um estudo divulgado pela Unicef, em 2016, mostrou que as meninas passam 160 milhões de horas a mais se dedicando a tarefas domésticas do que meninos, o que afeta seu desenvolvimento pessoal e profissional.

 

 


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quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

Você está se relacionando com uma pessoa real ou inventada por você?

Certa vez, uma amiga me descreveu seu namorado como inteligente, culto, gentil, bonito. Dizia ter encontrado a “pessoa certa”. Foi enorme a surpresa que tive ao conhecê-lo. Na realidade, ele não correspondia a nenhuma das características que ela lhe atribuiu, pelo contrário, era o oposto de tudo.

As características do amor romântico são bem claras: você idealiza uma pessoa e projeta nela tudo o que gostaria que ela fosse. Atribui a ela características de personalidade que na verdade não possui. Não se relaciona com a pessoa real, mas com a inventada de acordo com as próprias necessidades.

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Várias são os equívocos que esse tipo de amor impinge a homens e mulheres para manter a fantasia do par amoroso idealizado, em que duas pessoas se completam, nada mais lhes faltando. Entre elas estão as seguintes afirmações: Os dois se transformam num só; um terá todas as necessidades atendidas pelo outro; nada faz sentido se o amado não estiver junto; quem ama não sente desejo por mais ninguém.

O resultado dessas crenças na vida a dois é que, com frequência, um imagina o outro como na realidade ele não é, e espera dele coisas que ele não pode dar. As expectativas e ideais do amor romântico são passados como a única forma de amor, e as pessoas aprendem a sonhar e a buscar um dia viver tal encantamento.

Entretanto, como nenhuma delas corresponde à realidade, em pouco tempo de relação elas se decepcionam e se frustram. E, como acontece com frequência, a mágoa e o ressentimento tomam conta da vida do casal.

 

 

 


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segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

“Tudo vai bem na minha vida. Por que me sinto entediada?”

“A questão central de minha vida é descobrir o que me falta, já que não me falta nada. Sou amada pela minha família e por meu marido, meus filhos são ótimos, não temos problemas complexos, difíceis de resolver, as minhas perspectivas profissionais são muito boas… O que me faz ser uma pessoa insatisfeita, entediada? Eu não sei, mas sou.”

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A promessa fraudulenta de ausência de dificuldades pode gerar a deterioração da saúde mental. Num estudo sobre a relação entre a depressão e o amor romântico, o psiquiatra italiano Silvano Arieti concluiu que as mulheres casadas sofrem mais de depressão do que os homens na proporção de dois para um.

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Nas outras categorias — solteiras, divorciadas e viúvas — as mulheres têm taxas mais baixas que os homens. Ele afirma que entre os fatores sócio culturais que estão por trás da depressão feminina se encontra o fato de que o objetivo dominante para muitas mulheres não é a busca de um “eu” autêntico, mas a busca do amor romântico.

Algumas pessoas alegam que hoje ninguém tem paciência, que por vivermos numa sociedade de consumo, onde tudo é descartável, o cônjuge também deve ser sempre substituído. Mas a questão não é essa.

O suíço Denis de Rougemont, profundo estudioso do amor, afirma que somos educados para o casamento, mas ao mesmo tempo somos incentivados ao romantismo. Ele diz: “Ora, a paixão e o casamento são por essência incompatíveis. Sua origem e seus objetivos são excludentes. Sua coexistência faz surgir em nossas vidas problemas insolúveis e esse conflito ameaça sempre nossa segurança social”.

O mito do amor romântico não passa de uma mentira, porque mente sobre as mulheres e os homens e mente sobre o amor. Além de mentir que o verdadeiro amor dura para sempre, o mito exclui o conflito, a discórdia e também o tédio causado pela rotina e pela convivência afetiva íntima e fechada com uma única pessoa.

 


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quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Por que casais que vivem ressentidos não se separam?

“Não conheço rancor pior que o matrimonial. Muitos casamentos, durante a maior parte do tempo, são péssimos. O clima em torno dos dois é literalmente irrespirável, sobretudo por acreditarem ambos que têm razão”, afirma o psicoterapeuta e escritor José Ângelo Gaarsa.

Para ele, o rancor matrimonial, acima de tudo amarra, pega você de qualquer jeito, te imobiliza, como se você tivesse caído numa teia de aranha. Quanto mais você se mexe, mais se amargura e raiva sente. Raiva — que faz brigar; mágoa — que faz chorar. A mistura das duas é o rancor, um ficar balançando muito e muito tempo entre o homicídio e o suicídio. E cometendo ambos ao mesmo tempo.

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A primeira pergunta que nos vem à mente é: por que duas pessoas nessa situação não se separam? Não se separam porque dependem um do outro emocionalmente, precisam do parceiro para não se sentir sozinhos e, principalmente, para que seja o depositário de suas limitações, fracassos, frustrações e também para responsabilizá-lo pela vida tediosa e sem graça que levam. Quanto maior a defasagem entre a expectativa que tinham do casamento e a impossibilidade de concretizá-la, piores são as brigas.

Aquela ideia de que, ao casar, se tornariam um só, com todas as necessidades satisfeitas, já foi abandonada há muito tempo. O que restou foi um profundo rancor matrimonial, exercitado no dia-a-dia. Virginia Sapir, uma terapeuta de família conhecida no mundo todo, afirma que o sentimento mais comum entre os casais é o desprezo recíproco. Quanto a isso penso não haver dúvida. Parece que se despreza o outro por ter falhado na sua principal função: tornar a vida do parceiro plena e interessante.

O longo tempo de convívio pode transformar os dois ou então tornar cada um mais preso a seu próprio jeito e hábitos. Isso para se defender das cobranças, vindas do outro, para que se modifique. A consequência é um deles se tornar mais rígido, impedido de se desenvolver.

Gaiarsa, com sua prática clínica de mais de 50 anos, acrescenta: “Esse rancor matrimonial é a coisa mais peçonhenta, amarga, azeda e torturante de que tenho notícia ou experiência. Sim, experiência — terrível. Quem não a tem vez por outra? Mas quando ela dura muitos meses — até muitos anos — é, na certa, o pior veneno que se pode imaginar”.

Para solucionar essa questão crônica dos casamentos talvez só exista uma saída: cada um descobrir uma forma de se tornar inteiro e poder se relacionar com o outro não por necessidade, mas pelo prazer de estar perto. E não atribuir a ele o que não lhe diz respeito.


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segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

“Adoro sexo, mas na hora da penetração entro em pânico”

“Adoro sexo, quer dizer, penso muito em sexo e sinto tesão todos os dias por garotas que passam por mim na rua. Mas tudo isso fica no desejo, porque na hora H entro em pânico e não consigo. Tenho ereção, mas, na hora de penetrar a mulher, isso se desfaz. Até com prostitutas já me dei mal. Luto contra a ideia de que vai ser assim a vida inteira. Preciso de ajuda para ser uma pessoa normal, transar como todo mundo…”

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Sendo os órgãos sexuais de mulheres e homens tão diferentes, eles se tornam de alguma forma misteriosos para o outro sexo. Embora na mulher possa existir algum temor pelo pênis do homem, nada se compara ao temor que os homens sentem pela vagina. É um perigo ameaçador porque não é visível e porque suas propriedades são estranhas.

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Em torno do órgão sexual feminino há vários mitos inexplicáveis. A vagina é representada como insaciável, devoradora, caverna sem fundo que leva o seu invasor ao mais terrível inferno. Há inclusive uma associação que é feita, na Índia, com as feras, por imaginar-se que a vagina é dentada, uma imensa boca de monstro.

Os maoris, da Nova Zelândia, associam a vagina à morte. Os nomes que usam para designá-la são casa da morte e da desgraça e buraco destruidor. A vagina, porta de entrada no mundo, adquire a inversão como saída dele, destruição. Na Índia é bem conhecida a lenda da vagina dentada. O pênis do homem seria decepado por tal monstruosa boca.

Hoje, apesar de essas crenças sobre a vagina e a sexualidade feminina serem vistas como absurdas, inconscientemente parecem exercer enorme influência em alguns homens. O medo que sentem no momento de penetrar a parceira indica que está na hora de buscar ajuda terapêutica com algum profissional competente.


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quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Como o cinema inflamou os pensamentos eróticos dos jovens há 100 anos


O advento do cinema, no final do século 19, multiplicou as possibilidades do erotismo artístico, antes limitado à pintura, gravuras e daguerreótipos. A imagem em movimento trouxe um realismo impensável ao sexo representado. Datam dos anos finais do século 19, logo após a invenção do cinematógrafo, os primeiros filmes eróticos, mudos, mas encantando e surpreendendo uma sociedade ainda carregada de preconceitos quanto ao que envolvesse a sexualidade.

Em 1896, o mutoscope desfila séries fotográficas animadas com modelos se vestindo ou se despindo. Os cineastas confirmam a previsão de que o público quer sexo. Os filmes que mostram mulheres subindo nas árvores chegam ao dobro do faturamento de fitas sobre a guerra.

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Inspirado numa peça da Broadway, Le Baiser (O beijo) é um dos primeiros hits da história do cinema. Mostra um beijo de língua. Autoridades médicas atentaram para os perigos da prática. Um leitor escreveu para o jornal Evening World protestando: “Essa forma de devorar os lábios é insuportável. Mas em formato gigante é insustentável”. Em 1910, o cinema invadiu América e Europa.

Os jovens logo descobriram a delícia de namorar no cinema. Se havia uma cena alimentando a imaginação, melhor ainda. Os moralistas pediram mais luz nas salas de projeção, mas a audiência reclamou e os empresários da Europa Central, que conduziam o cinema não cederam: “O público prefere a obscuridade”.

Em 1913, Traffic d´âmes (Tráfico de Mulheres), que aborda o tema explicitado no título, alcança bilheterias de US$ 450 mil. É também um dos primeiros casos de marketing do cinema. O filme foi construído sobre a notícia alarmista de que 60 mil mulheres brancas eram vendidas como escravas nos EUA.


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segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

“Meu marido não se interessa mais em fazer sexo comigo; quero um amante”

“Meu marido parou de me procurar para o sexo há uns seis meses. Estamos juntos há 14 anos. Sempre que tento conversar sobre isso ele desconversa. Fiquei imaginando que ele talvez tivesse alguém e me convenci que precisava reconquistá-lo. Ele chega do trabalho às 20h e vai direto tomar banho antes do jantar. Aguardei a chegada dele andando pela casa apenas de calcinha, mas não adiantou nada. No dia seguinte, quando ele entrou no quarto a caminho do banheiro, me viu deitada nua lendo uma revista na cama e disse: “Você vai se resfriar, andando pelada no inverno!” Desisti. Estou pensando seriamente em procurar um amante.”

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É comum ouvirmos sugestões para a ausência do sexo no casamento com frases tipo: “tem que ser criativo”. Além de ninguém explicar o que é exatamente ser criativo, fica a ideia de que a incompetência pessoal é que está colocando a relação em risco. Aí, parte-se para soluções fáceis como ir a um motel, abrir um champanhe, ou mesmo constrangedoras cenas de nudez. E, claro, nada disso adianta. Desejo sexual não se força; existe ou não.

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É importante todos saberem que na grande maioria dos casos não se trata de problema pessoal ou daquela relação específica, e sim fato inerente a qualquer relação prolongada em que a própria individualidade e a do outro não é respeitada.

Essa informação pode evitar acusações mútuas, em que se busca um culpado pelo fim do desejo. O preço é a decepção de ver se dissipar o ideal do par amoroso. No entanto, a partir daí fica mais fácil cada um decidir o que fazer da vida.

As soluções são variadas: fazer sexo sem vontade, só para manter a relação; viver como irmãos; se torturar por não aceitar se separar nem viver sem sexo. Mas será que não existe outra saída para o que afeta tantos casais? Talvez uma reflexão sobre o modelo de casamento vivido na nossa cultura ajude bastante.

Acredito que um casamento pode ser ótimo, inclusive do ponto de vista sexual. Mas, para isso, as pessoas precisam reformular as expectativas que alimentam a respeito da vida a dois, como, por exemplo, a ideia de que os dois vão se transformar num só; a crença de que um terá todas as suas necessidades atendidas pelo outro; não poder ter nenhum interesse em que o amado não faça parte; o controle de qualquer aspecto da vida do outro.

É fundamental que haja respeito total ao outro, ao seu jeito de pensar e de ser e às suas escolhas; liberdade de ir e vir, ter amigos em separado e programas independentes. Caso contrário, a maioria das relações, com o tempo, se torna profundamente desinteressante.


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quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

Os delírios da primeira masturbação de um homem

O sociólogo Lionel Tiger era um adolescente criado na severa comunidade judaica, na década de 50 em Quebec, no Canadá, com estrito controle religioso, um prestigiado esquadrão de moral e bons costumes e sem muito lugar para o prazer. Certa noite, na casa de parentes de cujos filhos cuidava na ausência dos pais, resolveu masturbar-se pela primeira vez. A seguir o relato da sua experiência.

“Era muito difícil para um menino, este menino que vos fala, descobrir as misteriosas possibilidades do corpo. Nem mesmo os jovens mais empenhados na investigação do assunto podiam valer-se de manuais de instrução ou experiência em sala de aula ou no laboratório escolar.

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Eu sabia por confusa experiência que o pênis ficava ereto e que era bom demais manipulá-lo. Conhecia seu papel na reprodução, embora em termos de macroteoria.

Minha principal pista quanto à empreitada que contemplava era o linguajar chulo dos colegas, especialmente numa senha das mais explícitas: ‘tocar punheta’. Qualquer simplório seria capaz de adotá-la como guia de ação.

Resolvi então tocar uma punheta. Mas quando? E se exagerasse? E se meu rosto ficasse vermelho durante horas? E se meu órgão sexual me impedisse de despedir-me decentemente dos primos, e eu ainda estivesse ofegante e bufando? E se não conseguisse atender às crianças sob meus cuidados, quando precisassem de ajuda?

O principal era escolher o momento certo. Esperei que os bebês caíssem em sono profundo, sem nenhum sinal de queixa ou qualquer manifestação consciente durante quase uma hora.

Calculei então a metade do tempo que faltava dali até a hora que meus ‘patrões’ deveriam voltar. Seria aquele o meu momento!

Mas onde? Dependia do que ia acontecer, e isto eu não sabia. Tinha praticamente certeza de que expeliria um fluido. Mas em que quantidade? E se deixasse minha roupa escandalosamente suja? E se eu fosse denunciado por uma porcariada de chamar a atenção? E se a coisa acabasse com uma mancha federal no papel de parede da sala de visitas? E se ficasse no ar um odor inconfundivelmente carnal?

Encontrei a solução perfeita: ficaria completamente nu na banheira! Nada de roupas lambuzadas. É claro que a banheira seria perfeitamente capaz de conter tudo que eu conseguisse expelir. As provas seriam apagadas com um abrir de torneiras. Era uma solução higiênica e conveniente para o dilema criado por minha ardente perturbação.

Mas quanto tempo demoraria? E se eu perdesse a noção do tempo? Tinha de me arriscar. Decidi então que mesmo dentro da banheira manteria no pulso o meu relógio, que não era à prova d’água.”


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