“Logo depois que fizemos 20 anos de casados, meu marido quis se separar. Contou que estava apaixonado por outra mulher e foi embora. Fiquei mal. Cuidar sozinha da casa e dos filhos e não ter um parceiro meu lado… Mas o pior é ouvir a pergunta de todos à minha volta: “Quando você vai arranjar um namorado? Me sinto desvalorizada e fico sempre com a sensação de que estou falhando em alguma coisa.”
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No mundo ocidental, as pessoas amam estar amando. Apaixonam-se pela paixão. Estamos aprisionados pelo mito do amor romântico e pela ideia de que só é possível haver felicidade se existir um grande amor. Principalmente as mulheres. Não importa muito se a relação amorosa seja limitadora ou tediosa. Qualquer coisa é melhor do que ficar sozinha.
Fundamental é ter um homem ao lado, o resto se constrói — ou se inventa. Busca-se, portanto, desesperadamente, o amor. Acredita-se tanto nisso que a sua ausência abala profundamente a autoestima de uma pessoa e faz com que se sinta desvalorizada. O caso da internauta ilustra bem como, ainda hoje, muitas mulheres se sentem quando não têm um parceiro amoroso.
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E quando começam o namoro com um homem, depositam nele a expectativa de nunca mais ficarem sozinhas, de se sentirem completas, estabelecendo então uma relação de dependência.
Concordo com a escritora canadense Bonnie Kreps quando diz que nessa busca incessante do amor romântico, a mulher, na nossa cultura, quando encontra um par, se torna a Bela Adormecida ao avesso. “Quando é beijada pelo homem (príncipe) não é despertada, ao contrário, adormece para quem é, para quem ele é, para a realidade. Adormece e se esforça para ficar adormecida.”
“Meu marido foi embora, e agora todo mundo me pergunta sobre um namorado” publicado primeiro em https://reginanavarro.blogosfera.uol.com.br/
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